quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Não tenho a voz da razão, mas sim a experiência de quem já passou anos fugindo das mulheres “namoradas”, aquelas que querem ter “seu homem”, “seu úni


Na época, meu perfil era: divorciado, executivo bem sucedido, educado, não fuma, bebe socialmente, adora viajar, andar de moto, velejador, aventureiro com muitos planos de viagem, enfim, o sonho de muita mulher por aí.
Como as mulheres passaram anos buscando a liberação, e como bem disse o pesquisador da FGV, Marcelo Néri, elas “estão tendo que lidar com aquilo que pode ser o mal-estar da revolução feminista”, acha que a coisa está mais por esse caminho.
Não encontram seu companheiro por dois simples problemas: ansiedade e egoísmo!
Pensando somente nelas, querem beijar, ser adoradas, fazer sexo à sua maneira e no seu tempo, sem se preocupar com o homem. Não buscam de verdade um companheiro, uma pessoa para ter ao lado de forma simples.
Estavam tão sozinhas, mas agora que encontraram um homem que lhes dê atenção, Buenos Aires, Ilhabela ou Búzios fica logo ali, agendam idas aos melhores restaurantes (caríssimos, claro!), inventam os maiores programas e tornam-se tão criativas por quê?
Porque tem um “pato” para pagar todas as suas vontades, alguém para realizar suas fantasias e que, na maioria das vezes, não poderiam pagar por isso, mas agora é só ter a idéia que o cartão de credito do “pato” entrará em ação.
No inicio elas são dóceis, submissas, fazem todas as vontades dos homens, dão presentes caros, telefonam toda hora, mandam e-mails, cartõezinhos, bilhetinhos, fazem surpresas, mas após a relação passar um tempo, experimente tentar sugerir algo simples, como ficar ao sol lendo numa praça ou somente caminhar, para ver como reagem!
A grande maioria das mulheres, com dinheiro ou sem dinheiro, age assim. Não há como fugir dessa regra e posso garantir que os homens não gostam disso, porém alguns se submetem porque também tem medo de ficar sozinhos.
Mas o que vemos hoje é um grande numero de homens sozinhos, bem resolvidos em relação a isso, que não querem muita aproximação das mulheres por esse fato. Está muito difícil ganhar dinheiro, por isso, ter uma mulher significa gastar muito.
São pouquíssimas mulheres que se dispõem a dividir a conta, participar numa relação a dois, efetivamente, respeitando o homem, seu companheiro, pensando nos dois e não só nela. O centro de atração são os dois, nada de egoísmo e pensar só nela.
A mulher que passa dos trinta então! De certa forma, as pressões que sofrem pela sociedade, família e amigos, provocam o desespero intimo! Precisam urgente de um homem fixo!
No entanto, como já tem um pouco mais de experiência e conhecem as coisas boas da vida, são verdadeiros terrores para os homens. A ansiedade com que entram numa relação é tremenda. Precisam fechar negocio, precisam casar juntar, sei lá!
Mas, com toda bobagem que fazem por causa da ansiedade, muitas não conseguem passar para outra etapa e voltam a ficar sozinhas. Coitado do próximo! Ela virá novamente com tudo, e assim sucessivamente.
Por isso, lembrando que adoro as mulheres, sugiro voltarem a ser naturais, deixem as ansiedades de lado, olhem bem à sua volta e vejam que as pessoas felizes são aquelas que partem do principio que estar a dois significa dividir para então somar.
Ao final, aviso que não estou mais no mercado porque encontrei alguém para dividir, ser companhia em qualquer hora, aceitar o bom e o ruim, sempre ajudando um ao outro. E leu meu texto sem me bater com a bolsa na cabeça!!

domingo, 17 de agosto de 2008

FRASES MACHISTAS


Sou tão macho que até meu lado feminino é lésbico.


Uma meia verdade é uma mentira inteira.


O assaltante pede seu dinheiro ou sua vida; as mulheres querem os dois.


Macho que é macho não navega na internet; atravessa a nado!


Eu sempre me importei com a beleza interior da mulher. Uma vez dentro... beleza!


Os homens mentiriam menos se as mulheres fizessem menos perguntas


Mulher feia é igual bola de futebol. Pra treinar qualquer uma serve!


Mulheres são como moedas: ou são caras ou são coroas


Você nunca vai conseguir fazer amor com todas as mulheres do mundo, mas deve se esforçar pra isso.


Existem mulheres que se conquista com carinho e outras com um sorriso, mais para todas as outras existe Master Card.


Mulher grávida reclama de barriga cheia


Casamento é uma cosia muito importante na vida de uma mulher, não é atoa que ela casa de branco e o homem de preto.


Ex-namorada é igual a Mc Donald's: a gente sabe que não deve, mas acaba comendo de vez em quando.


Todo homem tem a fantasia de fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo. As mulheres deveriam gostar da idéia. Pelo menos, teriam com quem conversar depois que ele pegasse no sono.


Macho que é macho quando quer beber leite mama na onça.


Mulher é igual a ar condicionado, gasta muito, mas de vez em quando vale a pena ligar.


Mulher só sabe contar até seis, dependendo do fogão.


Há dois momentos em que os homens não entendem as mulheres: antes e depois do casamento.


Mulher reclama de dor de parto, porque nunca levou chute no saco.


Quem tiver seus namorados que guardem dentro de um baú, porque as mulheres dessa cidade estão pior que urubu.


Macho, que é macho, não toma leite, come a vaca!


O homem nasce bom, a mulher o corrompe.


O Brasil é das mulheres, mas o poder é dos homens!


Passado de mulher é igual cozinha de restaurante chinês, se você conhecer, não come.


Mulher cheirosa é que nem churrasco, é só sentir o cheiro que da vontade de comer.


Dinheiro na mão, calcinha no chão. Dinheiro sumiu, calcinha subiu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

SOTAQUE MINEIRO


Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tantos processos - oh sina - para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de cada região do Brasil. Cadê os lingüistas deste país? Sinto falta de um tratado geral das sotaques brasileiros. Não há nada que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto, e determinam a cadência e a sonoridade das palavras?É um absurdo. Existem livros sobre tudo; não tem (ou não conheço) um sobre o falar ingênuo deste povo doce. Escritores, ô de casa, cadê vocês? Escrevam sobre isto, se já escreveram me mandem, que espero ansioso.Um simples" mas" é uma coisa no Rio Grande do Sul. É tudo menos um "mas" nordestino, por exemplo. O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é...Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho.Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço. Faz sentido... Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário.Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: - Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa.Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - Eu preciso de ir.Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:- Ah, mãe, eu preciso de ir?No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora!Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: - Ai, gente, que dó.É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado.Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom (acho que dá na mesma), ela, se for jovem, vai gritar: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?Ouço a leitora chiar: - Capaz...Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "tá fácil que eu faça isso", com algumas toneladas de ironia. Gente, ando um péssimo tradutor. Se você propõe a sua namorada um sexo a três (com as amigas dela), provavelmente ouvirá um "capaz..." como resposta. Se, em vingança contra a recusa, você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó dôcê". Entendeu agora?Não? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica: - Ah, nem...O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...Certa vez pedi um exemplo e a interlocutora pensou alto:- Você quer que eu "dou" um exemplo...Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação. Mas que são uma gracinha, ah isso lá são.Ei, leitor, pára de babar. Que coisa feia. Olha o papel todo molhado. Chega, não conto mais nada. Está bem, está bem, mas se comporte.Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade...Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar:- Ah, fui lá comprar umas coisas...- Que' s coisa? - ela retrucará.Acreditam? O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará: - Ele pôs a culpa "ni mim".A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim. A fórmula mineira é sintética. e diz tudo.Até o tchau. em Minas. é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau pro cê", "tchau pro cês". É útil deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra outra entendeu?Deve haver, por certo, outras expressões... A minha memória (que não ajuda muito) trouxe essas por enquanto. Estou, claro, aberto a sugestões. Como é uma pesquisa empírica, umas voluntárias ajudariam... Exigência: ser mineira. Conversando com lingüistas, fui informado: é prudente que tenham cabelos pretos, espessos e lisos, aquela pele bem branquinha... Tudo, naturalmente, em nome da ciência. Bem, eu me explico: é que, características à parte, as conformações físicas influem no timbre e som da voz, e eu não posso, em honrados assuntos mineiros, correr o risco de ser inexato, entendem?

PIADAS


ALMOÇO NEGOCIADO O sujeito está morrendo de fome, mas só tem cinco reais no bolso. Entra num restaurante e começa a olhar o cardápio. Filé mignon: R$ 30. Contra-fi lé com fritas: R$ 25. Espaguete: R$ 12. Finalmente, encontra o item mais barato do menu, Canja de galinha: R$ 6. Explica ao garçom que, como só tem uma nota de cinco, gostaria de um desconto. – Olha, senhor, por esse preço só podemos lhe oferecer um prato alternativo: canja de papagaio. O rapaz fi ca ressabiado, mas aceita. Enquanto espera pelo prato, sente um puxão na barra da calça, por debaixo da mesa. Era o papagaio: – Pede a de galinha que eu entro com um real.





NA SUA IDADE Decepcionado com a falta de empenho do filho na escola, o pai vocifera: – Na sua idade Rui Barbosa era o melhor da turma! O filho responde: – E na sua, papai, ele já era ministro.




ESPÉCIES DE ÁRVORE A moça metida a besta comenta com a colega desbocada: – Sabe, Maria, o meu cão é mesmo raça pura. Tem até árvore genealógica! – A gente também tem um cachorrinho, mas ele não tem essas frescuras, não. Ele mija em qualquer árvore.



PAI HERÓI A menina vai pescar com o pai e volta com o rosto todo inchado. Assustada, a mãe pergunta: – Minha fi lha, o que houve? – Foi uma abelha, mamãe... – Ela te picou? – Não deu tempo. O papai matou ela com o remo.

O touro e a vaca assanhada


Pra contar este causo, vou usar apenas o diálogo das duas personagens em questão: um touro garanhão e uma vaca que, naquele dia, tava com uma danada de uma vontade de ter um caso de amor com o dito cujo touro. Porém, para desespero da vaquinha regateira e fogosa, havia uma cerca de arame farpado entre os dois. Um deles pertencia a uma fazenda e o outro era de outras paragens. Estavam se conhecendo naquele dia. Vaca (se insinuando) – Vem, touro. Óia eu aqui! Fresquinha... bonitinha... esperando um bonitão como ocê. Touro – Mas como é que eu posso ir aí desse lado? Ocê não tá vendo essa grande cerca que separa a gente? Vaca – Ah, mas dá um jeito, uai. Ocê num é macho? Ocê num qué fi ca numa boa comigo? Eu tô num fogo que num me agüento. Vamo lá. Cria coragem e pula essa mardita cerca aí, sô. E toca a requebrar as cadeiras, cada vez mais insinuante. Touro (já em ponto de bala) – Mas cumé que eu faço? Bem que eu tô com vontade de traçá ocê, mas com essa cerca aí fi ca difícil. Ela é muito arta. Vaca (mais dengosa ainda) – Ué! Dá um jeito. Faz um sacrifício. Ocê num é o bão dos pastos? Vem que ocê vai vê como vale a pena... O touro, não agüentando mais de vontade, afasta- se uns 10 metros para pegar velocidade e... tiummmm: pula a dita cerca. Um bom tempo se passa e a vaca fi ca surpresa, vendo que o touro está triste e sem graça. Vaca – Então, touro? Ocê faz esse grande sacrifício, pula a cerca, consegue chegá até aqui e fi ca aí amuado, sem tomá nenhuma iniciativa? Touro – É! Tá certo que eu consegui pulá, mas óia lá o que fi cou pendurado na mardita cerca...

Godô Recupera Precisão De Enforcar O Ganso



Godofredo e Cornélia, depois de longa vida em comum, andavam não mais se suportando. Tudo era motivo para brigas, das mais rancorosas, onde ruminavam o passado, passando de cor e salteado toda a lista de desavenças. Certa feita, bem cedinho, pegaram o velho jipe e tocaram pra fazenda. Godofredo fora bom motorista nos velhos tempos, mas, agora, distraia-se com qualquer coisa e se esquecia até de que estava dirigindo. Dona Cornélia é que gritava a fim de colocar o marido no caminho certo para ele não fazer tanta barbeiragem.Naquele dia, enquanto ficaram na fazenda, tiveram tempo de brigar 17 vezes antes do almoço. Num intervalo, antes da próxima briga, chega um bando de moças. Sete. Tavam ali por perto, tomando banho de cachoeira e, como sabiam que na fazenda tinha uma máquina de limpar arroz com uma balança, queriam conferir a massa. Assim que chegou aquele mulherio pouca roupa, Godofredo, ouriçado, saltitante e fagueiro, virou mestre de cerimônia. Mansinho, meninou e levou as gurias pra tudo quanto é canto, cascou laranja, mostrou as galinhas, a porcada, o gado nelore, com o touro Tanajura cheirando as coisas da novilha Princesa e matando as moças de vergonha e muito mais. Aí o fazendeiro conquistou intimidades com as meninas e alisava ora o braço de uma, ora o cabelo d'outra, e não tirava os olhos daqueles traseiros salientes, da peitaria quase à mostra, procurando adivinhar outros segredos guardados, vistos há tempos, na distante juventude. Sim, Godofredo fora homem de dar muito trabalho à sua Cornélia nos primeiros anos de casamento, bem diferente de agora, quando olhava para ela e nem tium, sem nenhuma inspiração.
Também Cornélia esquecera da vida. Engordara, sem perfume, sem esmero, sem cuidados e a velhice chegou primeiro que a idade. Era um sol que se apagava. Não tinha mais encantos para Godofredo. Na última briga, de manhã, ele falou inhantes cê era um fogo quisó, muié! Me sirvia no engenho, no paió, no curral, no canaviá e agora não me serve mais... cê pensa que vô dexá de usá minhas faculdades sexuais? Vô não. Ocê só tem chero de aio e desses tempero de cozinha... credo muié! Nem ropa de baixo cê usa mais, parece que gosta de deixá os pobrema à vontade, né? Pois óia, vô caçá um rabo de saia que me sirva...Enquanto ele passeava pra baixo e pra cima com as moças, a patroa tava enfurnada dentro de casa, só assuntando, pondo sentido, gungunando com seus botões, de olho no assanhamento do velho que, segundo ela, não dava mais no couro. Mas, como pra cavalo velho, capim novo é santo remédio, Godofredo, para as meninas, virara Godô e, doido para afogar o ganso em lagoa nova, a todas já tinha, no particular, convidado para aparecer mais amiúde na fazenda, enquanto pensava ôtas menina mais gostosas que margarina, que derrete a toa... é com uma dessas que eu vô, meu Jesuscristinho!...
- Ó, sá, miudinho tô aqui, viu? Vem cá, sá! Vem sozinha procê cunhecê a fazenda mais mió!... Vai sê bão demais da conta, sá!
Até que uma das meninas resolveu se lembrar do motivo que as trouxera ali.
- É memo, gente! Vamo lá na balança, vamo, meus bem! Vô pesá ocêis! Godofredo, em vista de tanta fartura de mulher, perdera a auto-censura e a noção do ridículo. Dispensou a ajuda do empregado que cuidava da máquina, mandou-o catar gabiroba e coquinho e foi, ele mesmo, conferir a massa de cada uma, tim-tim por tim-tim, todo carinhoso e meloso.- Ispia só, fia! Seu peso é 37! Livre!...
- O seu é 45, bem! Livre!...
- Ih, meu amô! Tá gordinha! 53! Livre!...E, assim, Godô foi conferindo a massa de uma por uma, na maior animação. Todas, segundo ele, livres. E as visitantes, muito boazinhas, oferecendo-se para a alisação do velho que tava quase em ponto de bala, com a arma em meia engorda, enquanto elas, às suas costas, riam a mais não poder.
- Mas, senhor Godofredo...- Tira o senhor, meu amozinho!... Godô! Só Godô, tá?...
- Então, Godô, por que você disse "livre" para todas nós? Não entendi!Aí o Godofredo, na sua sabedoria roceira, depois de anos e anos na prática de pesar volumes e mais volumes de arroz, milho e feijão, esclareceu:
- Livre sim, fia! Livre de saco. É peso líquido, já que ocês não têm saco, uai!...As meninas riram amarelo e foram despistando, caindo fora, enquanto Godofredo, trepado na porteira do curral, acenava, com os olhos ardentes e merejantes, até a última delas sumir dentro do capão do mato.
Depois de mais 59 brigas com a Cornélia, por causa das inocentes meninas, nosso Godô acha que tá na hora de irem embora, para não dirigir à noite. Bem de tarde, pegam o caminho de casa, chegando à cidade no lusco-fusco da noite. E não é que naquele dia a prefeitura tinha mandado consertar os buracos da rua do Assobio, onde moravam? Como o serviço não estava terminado, o Didico da Prefeitura mandou colocar uma corda de bacalhau para impedir que carros de boi, carroças e mesmo automóveis, passassem naquele pedaço de rua.O Godofredo, com a vista cansada, a rua escura, o farol caolho iluminando pouco, não dá sinal de que ia parar antes da corda. A Cornélia, então, não teve outro jeito e botou a boca no mundo.
- Godofredo! A corda! A corda, Godofredo!E ele, distraído, cantando pra si a musiquinha que fizera com a frase "da vida o que se leva é o que se come e que se ama", sorrindo e sonhando com todas as meninas do mundo, cai na dura realidade de ter Cornélia ao seu lado, gritando descontrolada, feito siriema choca.
- Quê? Acorda o quê, dona increnca? Quem disse que tô drumino?



Eurico de Andrade


Nós Sofre Mas Nós Goza


A jardineira que carregava o povo de Tabuí era desengonçada. E põe desengonçada nisso. Mas o dono da dita cuja, o Vivaldino, homem caprichoso e cheio das invenções, sempre tava arrumando uma melhoria na sua máquina de ganhar a vida. Arruma daqui, arruma dali, a coisa foi melhorando. O máximo mesmo foi quando ele inventou de colocar uma porta na traseira da dita cuja e uma catraca com o cobrador no meio do corredor. Povo de Tabuí ficou tão orgulhoso da sua empresa de transporte que nunca mais a jardineira viajou de banco vazio. Todo mundo queria experimentar a novidade que, segundo se dizia, sem tirar nem pôr, era igual aos coletivos de Bel'Zonte. E Vivaldino, vivo pra danar, ganhando dinheiro. Carregava gente, galinha, porco, bode, pato, ovos, saco de carne, abóbora, tudo, em troca de uns trocados.Foi aí que um dia entrou o velho Honorato com sua cara metade, a Honorina e mais umas muquiças na jardineira. Indo pra Tabuí. Se ajeitaram como puderam. Jardineira quase desmontava nas subidas e descidas. Ar parado. Sol do meio-dia. Calor de matar. Fedentina braba. Poeira sufocante deixando todo mundo meio bazé. Honorina, de pandu cheio, vendo aquilo tudo, sentindo aqueles cheiros, vendo as árvores passando de carreirinha, ouvindo a conversa mole do Tõe Carapina, com bafo de cachaça misturado com cheiro da gasolina, começou a sentir tonteira. Honório não teve conversa e soltou o verbo:- Pára! Pára! Pára aí, Vardino!Vivaldino, todo cheio de paciência, pára a condução, olha pra trás e pergunta:- O quê que foi home de Deus?- É a muié qui tá cum pobrema, sô! Nóis vai descê um tiquinho! Péra aí!Desceram. Honorina respirou um ar mais puro, sem poeira e fedentina, e melhorou.Toca a jardineira. Tõe Carapina, com a garrafa da Providência no bolso traseiro, de vez em quando dava uma bicada para molhar a palavra. Soltava o verbo e ficava mais bêbado e chato, contando potocas e piadas sem graça e até inconvenientes. Ninguém mais tava agüentando sua conversa mole na parte traseira da jardineira, de pé e trocando as pernas.Aí é que entrou a madama. Gente fina, com jeito de cidadã. Todo mundo viu. Sapatos de salto alto. Batom vermelhinho nos lábios. Bolsa das mais chiques no ombro. Vestido verde, longo e decotado. E um perfume!... ôta perfume! Daqueles que atraem qualquer nariz.Madame, toda dengosa, com passo de veada e nariz arrebitado, não olha pra ninguém. E tava injuriada sentindo a capiauzada silenciosa de olhos pregados nela. Tõe Carapina, o bebum, de butuca e de boca aberta, foi seguindo a recém-chegada pelo corredor da jardineira. Acontece que a madame, ao fazer força para passar na catraca, se descuidou um pouquinho e deixou escapar um sonoro pum.Todo mundo volta a olhar para a distinta, agora, com cara de surpresa e reprovação. Mas nem precisava. Ela já não tinha onde botar a cara. Vermelha como um pimentão maduro. Pum todo mundo solta, mas, assim, vindo de uma madame, ele tinha uma cor muito especial. Ela passa pela roleta, passa pelo Honório mais a Honorina e vai lá pra frente, sem nem olhar de lado, tonta de vergonha.Mas voltemos ao Tõe Carapina. Passa também pela roleta e vem vindo meio cambaleante. Cai aqui, cai acolá... Senta no colo dum negão que lhe dá um chega pra lá. Aí vem pra bem junto da madame e, todo serioso, dá mais uma bicada na Providência e, meio consolativo, fala bem alto, pra todo mundo ouvir:- Dona madama! Fica com vergonha não, tá? Hic!... óia, todo mundo peida, sá! Óia, motorista peida, cobradô peida, hic!... eu peido, aquela véia peida... hic!... fica com vergonha não, tá?Madame não tinha onde colocar a cara. Honorina, quando viu ser citada como "aquela véia" que peida e os passageiros olhando para ela com cara de riso, não agüentou. Passou mal outra vez. Chamou o juca com todo o entusiasmo. Uma parte do vomitado lambuzou o vidro e a outra foi misturar-se à poeira da estrada. Honorina cutuca no Honorato e gunguna umas coisas tampando a boca com a mão. E o velho outra vez põe a boca no mundo:- Pára! Pára! Pára aí, Vardino! A muié tá com pobrema de novo!- Que que foi dessa vez?- É que ela foi lançá e gumitô a dentadura!- Foi longe?- Não... foi bem ali acolá lá atrais! Dá uma macharré pa trais, dá Vardino!Vivaldino engata uma marcha-ré na jardineira que volta sacolejando de má vontade uns cem metros.- Pára! Pára, Vardino! Foi aqui!Honorato desceu. Procurou a danada da dentadura tempão danado enquanto a Honorina ficou dentro da jardineira tampando, com a mão, a boca murcha. Depois de um bom tempo, volta o Honorato, meio triste e com cara de nervoso.- Uai, Honorato, num achô a dentadura não?- Uai, sô! Inté que achá ieu achei! Mas num é que a rodera passô in riba e ismigaiô ela?

Eurico de Andrade